quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

59 aniversario: O MPLA, O POVO E A CHUVA


                           59 aniversário
               O MPLA O POVO E A CHUVA
O Movimento Popular de Libertação de Angola completa hoje, 10 de Dezembro de 2015, exactos 59 anos de existência.
Em África, provavelmente dois dedos da mão serão suficientes para contar as organizacoes políticas detentoras de uma longevidade que se estende para além de meio século de existencia. E o "Eme" tem a particularidade de estar 40 anos consecutivos no poder no nosso pais. É obra!
Entrei nessa organizacao política como combatente quando era muito jovem, em 1975, com os meus companheiros José Manuel Ramos "Zezito" e Francisco Caldeira "Do".
Na realidade, foi no MPLA que cresci e me fiz Homem.
Nesta data, aproveito para saudar de forma fraterna todos os camaradas da minha geração, com os quais partilhei os momentos difíceis que a nossa Angola viveu, desde a proclamação da independência nacional até à conquista da Paz definitiva.
Nesta ocasião, recordar também os nossos mais-velhos fundadores, uma plêiade de nacionalistas convictos, de todas as origens, alguns dos quais conhecemos pessoalmente, quando eles chegaram às cidade, vindos do "maquis", do exílio ou da clandestinidade, 41 anos atrás. Eram pessoas humildes e dedicadas e a mensagem que nos transmitiram foi que era chegada a hora de concretizar o sonho de várias gerações de angolanos escravizados na sua própria terra. Nós acreditamos no que eles nos transmitiam porque, mesmo naquelas idades, já sentíamos os efeitos da repressão e da injustiça coloniais.
Hoje por hoje, muitos anos depois, infelizmente, já não os temos todos em nosso convívio, mas o seu legado permanece vivo e para sempre perdurará nos anais da nossa Historia.
Entre eles, humildemente, gostaria de ressaltar os nomes dos camaradas Agostinho Neto, Lucio Lara,Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade, José Eduardo dos Santos, Deolinda Rodrigues, Joaquim Kapangu, Hoji-Ya-Henda, Daniel Chipenda, Mbeto Traca, Pedro Maria Tonha "Pedalé", Paulo Jorge, Dino Matrosse, comandantes Benigno Vieira Lopes "Ingo", Juju, Valódia, Gika, Jacob Joao Caetano " Monstro Imortal", Benga Lima "Foguetão ", Iko Carreira, Saidy Mingas, Kavunga, Kassanji, Faceira, Augusto Chipenda, Carlota, Bela Russa, os músicos Santocas, a Banda Kissanguela, Rui Mingas, Calabeto, Barcelo de Carvalho. E muitos outros.
Destaco esses maiores, porque foram eles que nos inspiraram, refiro-me aos homens e mulheres da minha geração que ingressaram no movimento em 75, nos ideais da luta pelo projecto politico de uma Angola independente, soberana, solidária e progressista. Foi por obra desses estandartes consequentes, guardiões da nobreza dos nossos símbolos, de onde sobressai o alto facho levado aceso que, desde muito jovens, abraçamos e são eles que ainda nos inspiram até aos dias de hoje, enquanto princípios de vida e na firmeza das nossas profundas convicções.
Com o seu exemplo abnegado, foram eles que nos permitiram a acumulação primitiva dos valores sagrados da Liberdade, da justiça , do amor à pátria e do irrenunciavel compromisso com a solidariedade inclusiva, em oposição ao egoismo exclusivo.
Por várias razões, no que me toca pessoalmente, temos legitimidade para falar do MPLA, porque lutamos erguendo a sua bandeira no campo de batalha. Cantamos de viva voz o seu hino glorioso quando sepultamos muitos dos nossos camaradas. Foi a lutar pelos seus ideais que sentimos penetrar na carne o metal quente da metralha inimiga. Por mais que alguns desejem mudar a verdade, isso não depende dos seus medos e preconceitos. E não reclamo nada. Sou simplesmente um dos tantos que, com apertos de mão e sorrisos cínicos foi samuado.
Os tempos passaram. Mudaram muitas vontades e com elas quase tudo se alterou profundamente. Coisas boas aconteceram. Coisas más também sucederam. Assim é a História , enquanto processo social dinâmico .
O MPLA tem pela frente o grande desafio de aperfeiçoar a sua capacidade interna a fim de responder plenamente ao desiderato histórico , a que se propôs , iniciado no manifesto, continuado nos programas, nos estatutos e nas decisões da sua liderança.
A sucessao geracional no MPLA nos moldes estatutários será a garantia de que a organização se adapta às exigências e volatilidade da pos-modernidade e requer debate interno e participativo.
Revela-se contra-producente que determinados sectores permitam florescer um ambiente que tenta propiciar uma enganosa e intolerante sub-cultura de religiosidade partidária de derivacao obscura. Incapaz de galvanizar entusiamos, que não seus próprios interesses, alguns iluminados focam a sua maior "qualidade" numa arrogante capacidade de ostracisar até os seus próprios camaradas que, de forma honesta, emitem opiniões e criticas construtivas.
Como não ocupam cargos por mérito próprio, são pessoas de conduta agressiva, sempre falam alto para tentarem demonstrar que são eles os indefectiveis e perpetuarem assim benesses indevidas, prejudicando o próprio .
O MPLA fez muito por Angola e pelo seu povo, como nenhuma outra forca política o fez. A sua legitimidade histórica resulta da força da sua razão e não repousa unicamente na razão da sua forca, que é imensa e por esta razão o seu uso não deve ser desproporcionado.
O vasto capital politico de quase seis décadas de luta proporciona-lhe uma incomensurável fonte de inspiração para superar os sucessivos obstáculos. O seu capital humano garante-lhe a possibilidade de ter a frente os quadros mais capacitados, não permitindo que vinguem interesses sectários que tentam adoptar como critérios de confiança politica a militância esquematica e os laços de consaguinidade.
Cabe ao MPLA mostrar que a sua longeva existência se alicerca nas linhas mestras do projecto de uma sociedade de justiça , com uma visão de modernidade e progresso para todos angolanos.
Para que seja sempre válido o que Joaquim Viola, o nosso músico esquecido do Lobito, um dia cantou:
"O MPLA é um casa que abriga o povo da chuva".
Parabéns MPLA!

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